Artigo publicado na revista Lumiere Electric edição 240
Ainda não existem muitos estudos de mercado que tratam do tema
“Automação Residencial”, principalmente com foco no consumidor final, ou mais apropriadamente
falando, dos moradores de uma casa. Conseguimos obter em alguns levantamentos o
numero estimado de casas automatizadas no Brasil e certas preferencias
reveladas pelos moradores. O diagrama abaixo mostra certas tendências e foi
obtido através de uma pesquisa feita pela AURESIDE (Associação Brasileira de
Automação Residencial e Predial) junto a um grupo de aproximadamente 200
empresas de projeto e integração no Brasil.
A pergunta da pesquisa foi: quais os sistemas mais solicitados
pelos seus clientes? Abaixo os percentuais obtidos na pesquisa:
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A preferencia pelo controle de iluminação tem se mostrado
consistente nos últimos três levantamentos feitos. Sistemas de entretenimento e
de segurança estão logo a seguir. É provável que os moradores que valorizam
este aspecto da automação residam em apartamentos ou casas em condomínios
fechados onde a questão da segurança já é atendida pelos responsáveis do
condomínio e, assim, causam menor preocupação ao morador da unidade
habitacional.
Recentemente foi apresentado um relatório pelo IDC sobre a relação do consumidor
brasileiro com as novas tecnologias, num espectro amplo. No caso, a questão das
“casas inteligentes” foi tratada como um dos capítulos do estudo, onde os
outros seriam:
Realidade aumentada/realidade virtual • Wearables •
Carros conectados • Carros autônomos • Smartphones • 5G
Quanto ao conceito de casa inteligente, conectada à
Internet das Coisas, 67,3% dos entrevistados disseram já estarem familiarizados
com a ideia. Apesar disso, apenas 4,3% deles já possuem pelo menos um
dispositivo inteligente em casa, enquanto outros 68,4% gostariam de ter, mas
ainda acham esses produtos muito caros.
Com relação aos benefícios de uma casa inteligente, 81,3% das pessoas ouvidas pela pesquisa acreditam que o controle de segurança seja o mais atrativo, enquanto 75% gostam da ideia de controlar a iluminação remotamente.
Com relação aos benefícios de uma casa inteligente, 81,3% das pessoas ouvidas pela pesquisa acreditam que o controle de segurança seja o mais atrativo, enquanto 75% gostam da ideia de controlar a iluminação remotamente.
A seguir os resultados apresentados em forma gráfica:
Embora sejam dados restritos ainda já podem traduzir
algumas constatações, entre as quais destacamos:
- a impressão de
que a Automação Residencial é “cara”: sem duvida as novas tecnologias ainda
não disseminadas de forma ampla tendem a ter custos acima da média quando
comparadas a tecnologias mais utilizadas e consolidadas. No entanto, esta
realidade começa a mudar com a maior oferta de produtos e serviços e com a
adoção massiva de sistemas conectados à internet. Este tipo de funcionalidade
começa a dispensar o uso local de hardwares que além de custosos exigiam uma
manutenção especializada. A substituição de equipamentos que precisavam ficar
fisicamente alocados na residência pelo processamento na “nuvem” causa uma
redução sensível nos custos operacionais e tornam a manutenção mais simples e
que, além de já fazer parte do “pacote” adquirido pode ser feita à distancia,
remotamente. Novas modalidades de cobrança começam a ser implantadas, trocando
a venda de equipamentos pelo pagamento recorrente, ou “as a service”, diminuindo o investimento inicial necessário para
implantação dos sistemas na residência.
-
o amplo desconhecimento dos moradores sobre as possibilidades representadas
pela automação residencial: a disseminação deste conceito
ainda está em sua etapa inicial, embora os primeiros sistemas de “casas
inteligentes” já tenham chegado ao Brasil há pelo menos vinte anos. A
propagação ainda se dá no “boca a boca”, existe pouca divulgação através da
mídia e até mesmo nas redes sociais. Fizemos um rápido levantamento nas
postagens do Twitter em nível mundial e comparamos a incidência dos termos “smart home” e “casa inteligente”. Enquanto o primeiro termo (na língua inglesa) é
citado cerca de 30 vezes por hora o termo “casa inteligente” (em português)
aparece cerca de 30 vezes por semana!... Esta enorme diferença se torna mais
significativa se lembrarmos de que se trata de postagens feitas tanto por
empresas como por pessoas físicas, demonstrando que mesmo na área corporativa
(ou seja, a cargo dos fornecedores) a disseminação destas informações é extremamente
baixa. Showrooms ainda são poucos e elitizados.
- Dificuldade de
uso: muitos moradores que conviveram há alguns anos com os diversos
controles remotos de seus equipamentos domésticos ainda guardam a impressão da
dificuldade de manuseio que sentiam na sua utilização. As mudanças foram
significativas e hoje temos a possibilidade de criar interfaces intuitivas que
atendem cada tipo de usuário. Desde simples pulsadores utilizados no lugar dos
interruptores convencionais até complexas telas de toque (touchscreen) configuradas em smartphones ou tablets podem ser
utilizados de forma simples para os acionamentos de diversos equipamentos
simultaneamente – aquilo que normalmente denominamos de criação de “cenários”. Facilidade,
interatividade e comodidade se colocando à disposição dos usuários.
- A baixa adesão
das construtoras: neste sentido a Automação Residencial ainda não foi
entendida pelos diversos agentes da construção civil como um diferencial
positivo na sua oferta. Desde investidores, passando pelos construtores e mesmo
pelos arquitetos, o conhecimento das novas tecnologias é bastante restrito
ainda e com isso os novos projetos de edificações não incorporam novidades ao
serem iniciados e desenvolvidos. Situação que começa a mudar, embora
lentamente, em função das novas demandas de habitação que estão surgindo, tais
como uso compartilhado de moradias e de locais de trabalho, locação temporária
e, principalmente, o acesso de um consumidor mais jovem ás moradias. Este tipo
de morador já utiliza a tecnologia intensivamente em seu dia a dia, portanto aceita
com naturalidade estender o seu uso para a sua casa. Isto começa a ser
percebido pelos incorporadores como uma nova demanda e deve passar a ser
atendida gradativamente nos próximos anos.
Como podemos perceber as dificuldades ainda existem, mas
estão a caminho de ser resolvidas. Talvez o ritmo desta mudança ainda não seja
o idealizado, mas também devemos levar em conta que é um mercado embrionário,
dando ainda os seus primeiros passos rumo à consolidação. Mercados mais maduros
apontam um percentual entre 15 a 20% de residências com automação. No Brasil
nem chegamos ainda a 1,5% do total de residências. Um longo, mas promissor,
caminho a ser percorrido.
Excelente texto. Concordo que a divulgação é um dos entraves do segmento.
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